Donos do Correio da Manhã são os responsáveis pela poluição no Rio Tejo. Um crime sem castigo.
- manhacorreio2020
- 24 de out. de 2020
- 2 min de leitura
A fabricante de pasta de papel Celtejo, que tem surgido como uma das principais suspeitas do crime ambiental no Tejo, pertence ao grupo Altri. O CEO da Altri é Paulo Fernandes, CEO da Cofina. Os acionistas da Cofina e da Altri são praticamente os mesmos. Em resumo, os donos da Celtejo são os donos do “Correio da Manhã”.

O crime ambiental tem rosto, a impunidade com que esta teia de interesses funciona está a colocar em causa a sobrevivência de espécies únicas e de todo um ecossistema particularmente sensível.

O rio Tejo é o fim da linha de incontáveis descargas poluentes. Há muito tempo que assim é e, desde 2015, caem no esquecimento denúncias sobre os despejos ilegais das indústrias de pasta de papel.
Dantesco e assustador. Foi com essas palavras que, em janeiro de 2018, o movimento ProTEJO resumiu o cenário de poluição nunca antes visto na zona de Abrantes onde corre o rio. Nas suas águas, em vez de nadar lampreia, pairava um manto de espuma branca com cerca de meio metro, um resultado inevitável da carga poluente há muito libertada pelas empresas de celulose da zona. A situação era denunciada desde 2015 por Arlindo Consolado Marques, ambientalista e secretário da ProTEJO, através de vídeos e publicações nas redes sociais

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) foi para o terreno investigar, foram realizadas ações de inspeção extraordinárias em Abrantes e Mação, recolheram-se amostras da água e da espuma para análise e foi prometida uma monitorização próxima, de dois em dois dias, nas zonas de Perais e Belver. Não havia ainda certezas sobre o que tinha provocado tão grave episódio de poluição, mas apontaram-se dedos à Celtejo, à Navigator e à Paper Prime, as três indústrias de pasta papel a montante do açude de Abrantes, e o Ministério do Ambiente pôs mãos à obra. Além de determinar que a espuma poluente seria retirada das águas com recurso a camiões e que se avançaria com um trabalho de limpeza de sedimentos depositados nas barragens de Belver e Fratel, o Ministério do Ambiente notificou a Celtejo, em Vila Velha de Ródão, e a empresa (com 50 anos de atividade e comprada em 2006 pelo grupo Altri, liderado pelo empresário e acionista da Cofina Paulo Fernandes) foi forçada a reduzir a sua produção durante 10 dias, com vista a diminuir em 50% as descargas de efluentes no rio Tejo.
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